• 4. Uso narrativo dos elementos sonoros

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    Antes do cinema sonoro, a linguagem cinematográfica dependia apenas da imagem e de sons executados ao vivo, que variavam muito de acordo com cada sala de cinema.  Ao final dos anos 1920, o som sincrônico passou a ser também um recurso de linguagem e a integrar os processos de criação das obras audiovisuais. Nesse sentido, nas obras sonoras, a direção deve pensar, juntamente com o departamento de som, em como utilizar criativamente o som na narrativa, de forma que a experiência sonora potencialize a obra.


    É importante entender que o som geralmente corresponde à imagem e que, além de escutar o que estamos vendo, também podemos escutar o que não vemos, o que a câmera não está enquadrando. Ou até mesmo um som não correspondente à imagem, a fim de criar um contraste narrativo. São muitas as possibilidades. Nesse sentido, o trabalho de criação do som de um filme deve ser tão importante e cuidadoso quanto o processo de criação da imagem. 

    Uma forma interessante de se construir um projeto de som é fazendo uma leitura  sonora do roteiro, ou seja, incluir desde o princípio da decupagem do filme os sons  específicos que serão necessários para compor as cenas, e que, em conjunto com a imagem, contribuirão para a atmosfera que se pretende criar. Dessa forma, é possível estabelecer todos os sons que a equipe de som precisará captar, tanto no set de filmagem quanto para a pós-produção, a partir do planejamento prévio do que será o filme. 


    Transparência e Opacidade

    Antes de partir para os processos mais técnicos que contribuem para a organização das filmagens, gostaria de retomar a ideia de continuidade trazendo brevemente o conceito da Transparência e da Opacidade. 

    O primeiro, de forma simples, se refere à imersão do espectador na realidade da narrativa a partir do ocultamento da manipulação do material fílmico. Em outras palavras, o espectador não percebe ou identifica a fragmentação do filme ao longo do processo de produção, pois há um cuidado com a continuidade em todo o planejamento para que o filme ocorra de forma fluida, sem elementos que revelem a criação por trás da tela, que se torna “transparente”, imperceptível.

    Já o segundo é o caminho oposto, a medida em que o espectador se dá conta de que o filme é uma criação, a tela se torna opaca, isto é, passa a ser uma barreira que impede a imersão na narrativa. Embora seja mais comum, principalmente nos filmes mais comerciais, o uso frequente da transparência, não podemos enxergá-la como uma forma correta de se fazer filmes. A opacidade também pode ser um interessante recurso, se utilizada de forma consciente na narrativa. 

    Nesse sentido, esses conceitos são fundamentais para a direção no processo de decupagem e terá impacto direto nas escolhas que serão tomadas, de acordo com o filme que está sendo feito.

     

     

     



  • O que é direção?

  • Conceitos básicos de linguagem

  • Continuidade

  • Composição de cena: das pinturas às imagens em movimento

  • Planejando a filmagem

  • Guia das principais funções do(a) diretor(a) ao longo das etapas de produção